Filarmonia das Beiras em concerto vibrante com solistas da Fundação Lapa do Lobo

A noite de 10 de junho trouxe uma sensação de plenitude e de missão superada. O sempre aguardado concerto da Orquestra Filarmonia das Beiras (OFB) revelou-se um momento vibrante e emotivo, com uma nota surpreendente conferida pela apresentação conjunta dos coros do Conservatório de Música e Artes do Dão (CMAD) e do Departamento de Comunicação e Arte (DeCA) da Universidade de Aveiro (UA).

Um evento envolvente, em que estiveram em destaque os jovens músicos laureados na 11ª edição dos Concursos "Jovem Solista" e "Estágio Orquestral", promovidos no âmbito do Festival de Música e Artes do Dão (FMAD). Da residência artística em Aveiro com os músicos da Orquestra, os dezasseis alunos participantes transportaram para palco todo o conhecimento adquirido ao longo de uma semana marcante e enriquecedora. Um período em que tocaram lado a lado com músicos profissionais, numa união de talentos e experiência.

A Fundação Lapa do Lobo foi, pela 11ª vez, mecenas de toda esta jornada musical e artística, dando a oportunidade destes jovens músicos integrarem a orquestra e de se apresentarem a solo. Além do estágio, a Fundação também patrocinou o concerto, apoiado ainda pelo Município de Santa Comba Dão.

O público verdadeiramente entusiasta, que encheu por completo o auditório da Casa da Cultura, foi convocado, num primeiro momento, para um reencontro com a emotividade e alegria da música clássica. Dirigida pelo maestro Luís Carvalho, a OFB partilhou a contagiante e festiva abertura da obra “Cavalaria Ligeira" de Franz von Suppé, uma “fanfarra brilhante e grandiosa” que evoca “a imagem de uma parada militar”.

A emotividade estendeu-se do palco à plateia, que aplaudiu, de forma entusiasta, e sempre em crescendo, os jovens vencedores do Concurso de Solistas da Fundação Lapa do Lobo: Gustavo Silva, Tomás Cordeiro, Gonçalo Santos e Gonçalo Martins.

Vencedor do 1.º prémio, o pianista Gustavo Martins, trouxe a palco o 1.º andamento do Concerto n.º 3 de S. Rachmaninoff para piano e orquestra. Coube ao percussionista Tomás Cordeiro, laureado com o segundo prémio, o solo do Concerto para Vibraphone de E. Séjourné, para vibrafone e orquestra de cordas.

O terceiro prémio foi partilhado pelo cantor Gonçalo Martins e pelo oboísta Gonçalo Santos, que apresentaram, respetivamente, a ária “Se Vuol Ballare” da ópera Bodas de Figaro de W. Mozart, para canto e orquestra e o 1.º andamento do Concerto em Dó Maior de J. Haydn para oboé solo e orquestra.

Donos de um brilho maior, estes jovens músicos deram cartas do seu virtuosismo, num momento de celebração, em que também foram mostrados os frutos de um trabalho contínuo e empenhado dos alunos e professores do CMAD, que este ano celebra 15 anos de existência.

Para a entrega dos diplomas aos alunos do 11.º Concurso da Lapa do Lobo, nas modalidades de estágio de orquestra e solista, Sérgio Neves, apresentador e diretor artístico do Festival, chamou ao palco Leonel Gouveia, presidente da Câmara Municipal, Rui Fonte da Fundação Lapa do Lobo. Luís Matos, Diretor Executivo e Mário Cruz, Diretor Pedagógico do CMAD,

Rui Fonte, representante da entidade patrocinadora, classificou o elo entre a Fundação Lapa do Lobo e o CMAD como uma parceria para o futuro, que espera prolongar-se durante muito mais tempo. Sublinhou, ainda, toda a qualidade do trabalho realizado pelos professores, alunos e funcionários do Conservatório, deixando um agradecimento especial aos músicos e aos técnicos envolvidos neste “excelente espetáculo”. “Assistimos hoje a um lançar do futuro destes jovens, que nos engrandece e alegra como ouvintes e como parceiros” sublinhou.

Também Leonel Gouveia reiterou as palavras de Rui Fonte, dando nota a excelência de todo este momento cultural único e “arrepiante”.

Experiência musical e espiritual intensa com Requiem de John Rutter

Já numa segunda parte do espetáculo, os coros CMAD e deCA reuniram-se, em palco, aos músicos da Filarmonia das Beiras para uma experiência musical e espiritual intensa, propiciada pela interpretação de Requiem do compositor John Rutter, escrito para coro e orquestra.

De um modo envolvente e intimista, os jovens cantores, emprestaram a voz aos sete andamentos que compõem esta obra íntima, contemplativa e lírica, com registo para os solos interpretados por Inês Moura.

A direção musical do Coro do CMAD foi de Luís Rendas Pereira e a do Coro do DeCA ficou a cargo de António Vassalo Lourenço, presidente do júri do concurso Jovem Solista Fundação Lapa do Lobo, maestro titular da Orquestra Filarmonia das Beiras e professor do Departamento de Comunicação e Arte da UA.

Composto em 1985, Requiem, de John Rutter, é considerado a maior contribuição do compositor para o mundo da música coral. Uma obra bela e requintada, que assenta num “diálogo interno entre o lamento e a esperança”, escrita em homenagem ao pai do compositor.