Missão: seguir o rapaz do tambor. Cenário: Casa da Cultura de Santa Comba Dão. Data: 23 de dezembro, precisamente a três dias do Natal. Protagonistas: alunos e professores do Conservatório de Música e Artes do Dão (CMAD), pais, familiares e comunidade.
À chegada: um cartão de embarque, um passe para mais uma grande experiência cultural do CMAD, desta feita à escala do sonho. Ao todo: mais de duzentos cantores, músicos e atores envolvidos numa celebração natalícia festiva, alegre e divertida, e ao mesmo tempo poética e tocante.
O público, dividido em grupos, foi conduzido por diferentes guias, percorreu salas e corredores, subiu e desceu lanços de escadas, descobriu novos espaços, foi desafiado e até partilhou com os atores o palco do auditório.
Em cada sala e corredor, uma nova experiência, um ambiente diferente, uma sensação única... Enquanto fio condutor de todo este percurso de descoberta constante, de emoção inesperada e até de arrepio, estiveram as artes.
Pelo caminho foram espalhados vários presentes destinados ao conforto da alma. Logo à entrada, a orquestra de sopros deu as boas vindas a todos os que trilharam o tapete vermelho. Numa sala próxima, a jazz band emanou tons quentes e sedutores, suavizando a ansiedade da viagem. A descontração marcou o ambiente nesta zona de 'embarque', com muitos 'passageiros' a aproveitarem para escrever uma carta ao pai Natal ou para tirar uma fotografia.
Do início até ao final, a surpresa e a magia ditaram as regras de um espetáculo em que o desafio foi uma constante. Designados com nomes de filmes e séries de mistério ou fantasia, os diferentes grupos de passageiros embarcaram numa viagem / experiência, alimentada pelo imaginário de cada uma destas histórias.
Este clima de suspense foi adensado num encontro inicial com um mágico que, na sala dos espelhos, se propôs revelar, o lado mais sombrio da alma, convidando à auto análise e introspeção.
E até no silêncio da sala onde o menino Jesus dormia, embalado por um coro de crianças e um melódico ensemble de flautas, o desafio esteve presente. 'Acordem!' foi o grito, o mote para mais um percurso, para um novo trilho de sensações, numa jornada de constante descoberta, de serendipidade.
Num outro espaço, mais uma narrativa ligada a alguns dos valores essenciais da época: a união e a amizade. Num povoado castiço, um grupo de provocadores aldeãos e vendedores convidou a dançar temas tocados pela orquestra de sopros e cordas, propiciando a descontração e o riso, num momento bastante solto e divertido.
Mais um lanço de escadas, outra experiência profundamente diferente e tocante. Três cantoras, ao som da orquestra de cordas, presentearam o público com o tema 'Reis do Oriente', num interpretação emotiva e envolvente. Ao menino, - cuja caminha estava a ser preparada lá fora, à luz das estrelas - deixaram três prendas para a alma.
Com o encanto a nunca ser quebrado e já no átrio da Casa da Cultura, o público foi envolvido por sons mágicos do ensemble de percussão, alimentados pelas vozes inesperadas dos coros do 5.º e 6.º anos que surpreenderam com o tema “Toca o Sino”.
Numa experiência mais restrita, houve participantes que até gravaram músicas de Natal e outros temas, tornando-se estrelas instantâneas para todos aqueles que ocupavam o lugar no auditório.
Já com todo o público reunido na sala, teve lugar a atuação final do grupo de teatro musical, acompanhado pelos coros e músicos CMAD. A apresentação foi de entrega absoluta, de inclusão e amizade, com cada um dos elementos em palco a partilhar sonhos de Natal, esperanças de ano Novo, a estreitar laços e a reforçar a amizade, ao som de temas envolventes da época. As palavras ditas e cantadas, os sons partilhados abriram as portas para os valores certos, os que sabemos certos.
E mesmo quando as nuvens negras se instalaram, alimentando alguma tristeza, foram logo, logo dissipadas com a entrada do ensemble de guitarras, que espantou os sentimentos mais negativos com o tema “Então é Natal'.
Eis quando, já quase, quase no final, surge o rapaz do tambor, tocando todos os presentes de um modo especial, de um modo que só ele sabe fazer. Uma voz a capella e o som isolado de um tambor encheram a sala, convidando a juntarem-se na interpretação deste icónico tema de Natal, todos os músicos, atores e cantores, num memorável e emocionante momento.
À saída, manteve-se a janela aberta para o espírito da época, com os sons de Natal a acompanharem o público, que foi presenteado com mais um presente para a alma. 'Happy Days' fez jus ao título e encheu o átrio de felicidade, prolongando a viagem e enriquecendo a estadia.
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