top of page

Respeito pelas Três Rainhas

Muito mais do que um musical, uma lição sobre liberdade individual, consciência coletiva e r.e.s.p.e.i.t.o.

Foi de três dias o reinado das Três Rainhas na Casa da Cultura, em mais uma co-produção de sucesso, com a assinatura da Associação de Música e Artes do Dão e do Conservatório de Música e Artes do Dão (Amad e Cmad). Em palco, viveu-se a alegria da experiência do teatro musical, num espetáculo que trouxe à cena temas bem atuais como a igualdade de género, a identidade sexual, a não discriminação e até a sustentabilidade ambiental. E porque tudo é uma questão de equilíbrio, o registo divertido e cómico foi essencial na abordagem de todo este conjunto de assuntos mais sérios e na ordem do dia.





Dos 10 aos 18 anos, cinco dezenas de jovens da classe de teatro musical da AMAD recriaram um ambiente de trama e intriga palaciana, numa sociedade imaginária governada, há várias gerações, por mulheres. Com texto e cenografia plenos de referências a elementos orgânicos, foi cultivada a ligação dos habitantes (quase todos) com a natureza, num paralelismo entre o poder no feminino e as raízes que prendem cada um de nós à terra mãe, à terra fértil e generosa - ao 'ventre' em que crescemos.

No palco partilhado com 20 talentosos músicos do CMAD, os atores emprestaram o seu talento a uma história repleta de simbolismo, num espetáculo que combinou dança, música e representação. A cena estendeu-se até aos corredores e além das cortinas, rompendo limites e quebrando barreiras, pois era também esse o objetivo da encenação. Nota para a recriação de uma sociedade tradicional - a lembrar uma corte do sec. XVIII - na qual a vulnerabilidade das mulheres era evidenciada através de um guarda-roupa exuberante, onde não faltaram espartilhos, corpetes e anquinhas. A contrapor, houve várias referências e até elementos contemporâneos como uma SIRI muito interventiva e divertida, telemóveis, selfies e até unhas de gel ou 'gelinho'.

Sempre com uma irresistível componente de humor, os momentos de representação foram alternados com coreografias ao som de músicas contemporâneas, bem conhecidas do grande público, numa manifestação de energia sem precedentes, que serviu de plataforma para a afirmação de valores e conceitos como a liberdade, a igualdade, a amizade e a ecologia.