Dia Mundial da Música celebrado com concerto do quarteto de cordas João Roiz Ensemble
- Admin
- 3 de out.
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O 17.º Festival de Música e Artes do Dão trouxe ao palco do auditório Prof. Fernando Paulo Gomes o conceituado quarteto de cordas João Roiz Ensemble para um concerto comentado que celebrou o Dia Mundial da Música.
Numa casa onde se ensina e se faz música, o evento foi revestido de elevado simbolismo. Reuniu mais de duzentas pessoas, incluindo alunos do Conservatório de Música e Artes do Dão (CMAD), num momento de proximidade e partilha que atravessou três séculos de música de câmara.
De Giacomo Puccini ouviu-se Crisantemi, uma peça curta, escrita em Itália em 1890 como uma elegia ao príncipe Amadeo de Saboia, irmão da rainha consorte portuguesa Maria Pia de Saboia. Durante a interpretação, foram dadas notas sobre o simbolismo da obra: o título remete para os crisântemos como flores associadas ao luto, e a música, de andamento único, transmite um lirismo contido e melancólico.
Escrita para o João Roiz Ensemble pela compositora portuguesa Anne Victorino de Almeida, a obra Quarteto n.º 3 assenta raízes nas inquietações da pandemia, projetando um discurso intenso, com contrastes rítmicos e emocionais. Além de evidenciar a capacidade do quarteto de explorar diferentes estados emocionais, a composição revela a vitalidade da criação contemporânea portuguesa.
O concerto terminou com o Quarteto op. 18 n.º 6, de Ludwig van Beethoven, composto durante a juventude do compositor, num período marcado pelos efeitos da Revolução Francesa e pelo crescente desejo de liberdade artística. Nesta obra, que combina andamentos de caráter contrastante, o final é introduzido pela celebrada passagem La Malinconia, caracterizada por mudanças surpreendentes de harmonia e textura. Os quatro andamentos da obra foram explicados por analogia aos "ambientes" de uma casa, onde, para se conhecer o todo, é preciso percorrer cada espaço.
Fundado em 2014, o João Roiz Ensemble tem-se afirmado na valorização da música de câmara em Portugal, combinando a interpretação de repertório clássico com a encomenda e estreia de obras contemporâneas portuguesas. O concerto na Casa da Cultura reforçou essa identidade, oferecendo ao público não apenas uma audição, mas uma experiência guiada pelo violetista João Delgado através do contexto hist
órico, simbólico e emocional de cada peça.

























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