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Um passeio guiado pela Gran Partita de Mozart na estreia da Camerata do Dão


A Camerata do Dão fez a sua estreia na tarde de 26 de março, no auditório da Casa da Cultura, com um espetáculo que trouxe ao público o ambiente de um salão vienense do séc. XVIII, embalado pela música de um dos maiores criadores musicais de sempre.

Uma apresentação repleta de camadas e de subtilezas, assente no diálogo entre a música, o teatro e as artes plásticas, que trouxe a palco, nada mais nada menos, do que o próprio Mozart.


Foi, aliás, o génio musical - interpretado pelo talentoso Mia Henriques - que deu a conhecer a história da “Gran Partita”: obra prima interpretada magistralmente pela Camerata do Dão, na sua componente clássica. Serenata nº10 para sopros, em Sib Maior, K361 é o nome formal deste tema, considerado como um dos mais notáveis trabalhos para ensemble de sopros - uma obra repleta de 'colores' e ornamentações tímbricas, simplesmente perfeita. Tal como “a voz de Deus”, como Salieri a descreveu numa cena imortalizada no filme Amadeus.

Passo a passo, o mais precoce talento da história da música conduziu, apaixonadamente, o público pelas sonoridades, cores, texturas, efeitos, justaposições e estilos contrastantes dos sete andamentos desta “Gran Partita”, com instrumentação para dois oboés, dois clarinetes, dois fagotes, dois clarinetes de Cor de basset (precursores do clarinete baixo), quatro trompas e um contrabaixo.

Camadas e subtilezas de uma ornamentação tímbrica rica, a que o artista transdisciplinar João Rapozo emprestou o traço, através de um desenho em live art vídeo, que foi sendo construído ao longo do espetáculo. Ao som dos talentosos músicos da Camerata do Dão, o vídeo artista revelou-nos, a forma das sonoridades, tornando-as quase tangíveis, quadro a quadro, movimento a movimento, do mais simples ao mais elaborado,

A dar textura à genial criação de Mozart, um lote de instrumentistas de exceção, composto por profissionais consagrados de excelência e jovens músicos promissores da região, com um forte elo de ligação ao Conservatório de Música e Artes do Dão (CMAD). Treze ao todo: Luís Figueiredo e Andreia Pereira, nos oboés, Igor Varela e Beatriz Martins nos clarinetes, Mariana Vieira e João Neves, nos clarinetes Cor de basset, Bruno Dias e João Gigante, nos fagotes, Hugo Dias, Guilherme Costa, Nádia Meireles e Ricardo Figueiredo, nas trompas e Hugo Correia no contrabaixo, dirigidos pelo Maestro Sérgio Neves.



Uma estreia auspiciosa, que fechou, de forma criativa e singular, o 14.º Festival de Música e Artes do Dão (FMAD), naquela que foi a edição mais ampla, diversa e artisticamente relevante de sempre. O final de um ciclo que marcou o início de outro - o de um novo e promissor projeto da Associação de Música e Artes do Dão - a Camerata do Dão. Um projeto que, nas palavras do diretor do FMAD, vai transformar-se a cada novo evento. Os concertos vão assumir uma perspetiva de proximidade, na apresentação de vários géneros musicais, permitindo que o público desfrute de um verdadeiro passeio musical durante as performances. Além da Camerata clássica, apresentada neste concerto inaugural, o projeto vai ainda contemplar as componentes de Camerata contemporânea, coral e jazz.

O diretor descreveu o projeto como uma incubadora de criatividade, que vai propiciar espetáculos diferenciados e multiculturais - enriquecidos com artes e performances complementares.


Com génese numa residência artística do 14.º FMAD, a Camerata conta com o apoio e entusiasmo do Município de Santa Comba Dão, CMAD e Direção-Geral das Artes.




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